Enquanto muita gente ainda associa a Reforma Tributária a debates políticos e promessas de simplificação, a Receita Federal já está testando como será a cobrança do novo imposto federal: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
A primeira fase do projeto-piloto começou em 1º de julho.
A segunda já está em andamento.
E o que está sendo testado agora vai definir como o sistema vai funcionar para todo o país a partir de 2026.
Mais do que um experimento, o piloto da CBS é o ensaio técnico da nova estrutura fiscal brasileira.
Só que com um detalhe: quem está participando, influencia o modelo.
Quem está de fora, só vai descobrir as regras quando já for tarde para questionar.
Leia este artigo até o final para descobrir:
- Por que a Receita selecionou empresas de tecnologia para testar o novo sistema;
- Como o piloto está moldando o funcionamento real da CBS;
- Quais riscos práticos sua empresa pode enfrentar se esperar até 2026;
- E o que a Solutta já está fazendo agora para antecipar os impactos do novo regime tributário.
Se a sua empresa não está entre as escolhidas, isso não significa que está segura.
Significa apenas que outras empresas estão definindo, agora, o padrão que você terá que seguir depois — com prazo curto, alta complexidade e margem mínima para erro.
Vamos aos fatos:
CBS já está sendo testada por 235 empresas
A Receita Federal entrou de vez na fase prática da Reforma Tributária.
A meta é clara: chegar a 500 empresas até o fim de 2025.
Essa expansão é mais do que simbólica: ela marca o avanço real da CBS como sistema de apuração.
O que está sendo testado?
- Emissão de notas fiscais com CBS destacada;
- Uso da calculadora oficial de tributos;
- Validação de cadastros e processos conforme o novo modelo.
Os testes são feitos em ambiente simulado, sem gerar recolhimento real.
Mas os dados, relatórios e dificuldades identificadas nesse processo vão moldar as regras finais que todas as empresas terão que cumprir a partir de 2026.
Ou seja: enquanto algumas empresas já estão se adaptando com apoio direto da Receita, a sua talvez ainda nem tenha entendido o tamanho da mudança.
A Receita não escolheu essas empresas por acaso
Nem todas as empresas puderam se candidatar.
A seleção foi feita diretamente pela Receita, com base em critérios bem definidos — e estratégicos.
Os principais critérios de escolha foram:
- Setores com alta complexidade fiscal, como tecnologia, software, serviços digitais e telecomunicações;
- Empresas com histórico de cooperação, como participantes do SPED ou do Programa Confia;
- Indicação por entidades representativas, em articulação com o Comitê Gestor do IBS.
A Receita não quer apenas empresas grandes ou conhecidas.
Ela quer empresas que já operam em áreas com alto volume de dados, créditos difíceis de rastrear e serviços de interpretação ambígua.
É com essas empresas que ela vai testar os limites do novo sistema e definir os parâmetros que todos terão que seguir depois.
Quem está no piloto hoje está ajudando a definir:
- O que pode ou não pode ser creditado;
- Como será interpretada a nova nomenclatura fiscal (NBS);
- Que tipo de operação será tratada como risco — ou não — no futuro.
Ou seja, o modelo está sendo calibrado com base em um recorte específico da economia.
E a sua empresa vai ter que funcionar dentro dele, mesmo que tenha uma realidade completamente diferente.
O piloto serve menos para as empresas, e mais para a Receita
O discurso oficial fala em “preparar o mercado” para a nova legislação.
Mas a verdade é que esse piloto serve, antes de tudo, para a própria Receita entender se sua estrutura tecnológica está pronta para operar o novo sistema de cobrança.
O que o Fisco está validando na prática:
- Se os ERPs conseguem gerar notas com o destaque correto da CBS;
- Se os cadastros e classificações fiscais batem com a nova NBS;
- Se o cálculo do crédito é interpretado da forma que a Receita espera;
- E se as informações são entregues de forma compatível com a fiscalização automatizada.
Não se trata apenas de uma simulação técnica.
É uma forma de calibrar o sistema de controle antes que 10 milhões de empresas estejam obrigadas a usá-lo.
Quem participa do piloto está ajudando a Receita a criar o modelo final.
Quem não participa, vai apenas se adaptar a ele.
O que está realmente sendo validado
Com o piloto da CBS em andamento, a Receita não está apenas testando se o sistema funciona.
Ela está observando como as empresas lidam com os pontos mais críticos da transição.
Esses são os quatro principais focos dos testes:
- Integração com ERPs: o sistema fiscal da empresa consegue emitir notas com as exigências da CBS, gerar as informações corretamente e exportar os dados no formato esperado pelo Fisco?
- Destaque da CBS na nota fiscal: a estrutura da nota permite separar e evidenciar a nova contribuição sem comprometer outras obrigações acessórias? Há compatibilidade com os modelos já existentes?
- Regras de crédito: como as empresas estão interpretando o que pode ou não ser creditado? Os testes avaliam se a lógica da CBS está sendo compreendida ou se há distorções logo na entrada.
- Classificação fiscal via NBS: a nova Nomenclatura Brasileira de Serviços está sendo aplicada corretamente? Ou as empresas continuam classificando serviços com base em códigos antigos, gerando conflito?
Mesmo em ambiente de simulação, cada etapa está sendo monitorada tecnicamente.
O que está sendo registrado agora servirá de base para ajustar o sistema, reforçar exigências e, no limite, criar futuras regras de penalização.
Se sua empresa ainda não está validando esses pontos internamente, estará em desvantagem quando eles deixarem de ser teste e passarem a ser obrigação.
A classificação fiscal (NBS) pode travar sua operação
Esse código, pouco conhecido fora do ambiente técnico, vai assumir um papel central no novo modelo:
- Ele define qual serviço está sendo prestado;
- Ele determina se a operação gera crédito ou não;
- E ele orienta o sistema da Receita sobre quanto tributar, como fiscalizar e onde cruzar os dados.
O problema é que a aplicação da NBS está longe de ser simples.
Muitos serviços podem se encaixar em mais de um código, com interpretações diferentes.
Alguns códigos sequer estão atualizados ou detalhados o suficiente para abranger operações modernas, especialmente em setores digitais.
E aqui está o ponto-chave: um erro na NBS não é só um problema técnico.
Ele pode comprometer toda a apuração da CBS, gerar glosa de crédito, apontar inconsistência em cruzamentos automáticos e acionar a malha fina, mesmo que a operação tenha sido legítima.
Quem já enfrentou dificuldades com a classificação de NCM no ICMS sabe do que estamos falando.
Agora imagine isso aplicado aos serviços, com uma base nacional unificada e um Fisco mais digitalizado do que nunca.
Ignorar a NBS hoje é abrir mão de entender como o novo sistema realmente vai funcionar.
Problemas já começaram a aparecer, mesmo em ambiente de teste
Ainda não há relatório oficial da Receita sobre os testes da CBS.
Mas, nos bastidores, já circulam relatos técnicos de instabilidade, dúvidas e falhas recorrentes, mesmo entre as empresas mais preparadas.
Alguns dos problemas mais citados incluem:
- Inconsistência nos ERPs ao tentar gerar notas com a estrutura exigida pela CBS;
- Dificuldade na aplicação da NBS, com empresas classificando serviços de forma divergente da interpretação esperada pela Receita;
- Insegurança na apropriação dos créditos, especialmente em operações mistas ou em casos de subcontratação.
E isso está acontecendo com empresas de tecnologia — setores acostumados a lidar com sistemas complexos e ambientes digitais.
Imagine o que pode acontecer quando o novo sistema alcançar setores com menor estrutura, múltiplos regimes ou baixa digitalização fiscal.
É justamente por isso que esperar por um “manual definitivo” da CBS é ilusão.
A Receita está usando o piloto para entender os gargalos e montar o sistema em cima da resposta prática das empresas.
Se você não está participando disso agora, o que receberá em 2026 será uma regra pronta, com base em padrões que talvez não se encaixem na realidade da sua operação.
Esperar até 2026 é o erro mais caro que sua empresa pode cometer
É comum ver empresários dizendo: “Quando virar obrigatório, a gente se adapta.”
Mas com a CBS, essa lógica pode custar caro.
Quem deixar para agir só em 2026 vai enfrentar:
- Pressão de prazo, com sistemas que ainda estarão em ajuste e equipes sem treinamento suficiente;
- Instabilidade nos ERPs, que podem não estar 100% compatíveis com a nova estrutura de emissão e escrituração;
- Fluxos mal ajustados, em especial na separação de operações que geram ou não direito a crédito;
- Risco de autuação já no primeiro ano, por erro de classificação, destaque incorreto, inconsistência nos cruzamentos ou má interpretação das regras.
A CBS não é uma nova alíquota: é um novo sistema tributário.
Exige revisão completa de processos, testes operacionais, ajuste de sistemas, reclassificação fiscal e capacitação do time contábil e fiscal.
Quem se antecipa, faz isso com calma, estratégia e apoio técnico.
Quem espera, improvisa. E quem improvisa num sistema novo costuma pagar mais do que deveria, com tempo, com equipe e com dinheiro.
O que você pode fazer agora para não ficar para trás
Se a CBS já está sendo testada, e os erros de hoje vão virar regra amanhã, a pergunta não é se você vai se adaptar: é quando, como e a que custo.
Você pode esperar até 2026, com sistema instável, equipe despreparada, fluxo travado e risco de glosa logo no primeiro mês.
Ou pode começar agora:
- Simulando os impactos da CBS no seu modelo de negócio, com base no que já está sendo validado;
- Corrigindo classificações fiscais e processos que vão travar sua operação quando a CBS se tornar obrigatória;
- Reorganizando sistemas, escrituração e apuração sob a nova lógica, antes que se tornem armadilhas fiscais.
O cenário já está se desenhando, e quem entende isso com antecedência consegue proteger margem, evitar autuação e usar a transição como vantagem.
Se você precisa de apoio técnico para fazer esse movimento com segurança, fale com a Solutta!
Estamos disponíveis para mostrar onde sua operação pode estar vulnerável e como corrigir antes que isso afete sua margem, gere autuação ou paralise seu fluxo fiscal.