A implantação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) marca o início de uma nova lógica tributária no Brasil.
Embora muito se fale em “simplificação”, o impacto inicial nas operações será profundo, especialmente para empresas de médio porte, que operam com estruturas enxutas, fluxos complexos e dependência intensa de processos fiscais integrados.
Este artigo sintetiza os principais efeitos imediatos, os riscos mais prováveis e os ajustes estratégicos que empresas dessa faixa de porte precisam iniciar agora, para atravessar 2026 com segurança e eficiência.
1. O que muda imediatamente quando a CBS/IBS entra em vigor
Ainda que a Reforma Tributária tenha um período de transição até 2033, os primeiros impactos começam a aparecer já em 2026.
Para empresas de médio porte, isso significa lidar com três mudanças simultâneas:
1.1. Novo modelo de documentos fiscais
As NF-e, NFC-e e NFS-e passam a contar com:
- novos campos específicos para CBS/IBS,
- códigos e classificações adaptados,
- regras de validação inéditas,
- e cruzamentos que não existiam nos regimes anteriores.
A nota fiscal deixa de ser apenas um documento obrigatório: vira o coração da apuração no novo modelo. Qualquer falha de preenchimento — CFOP, CST, NCM, parametrização tributária — se transforma em:
- rejeição imediata,
- risco de perda de crédito,
- inconsistência na escrituração, ou
- divergência que mais tarde pode se transformar em autuação.
Empresas médias, com centenas ou milhares de notas emitidas mensalmente, não podem se dar ao luxo de tratar isso como detalhe.
1.2. Surgimento de um ambiente híbrido: dois sistemas convivendo
Entre 2026 e 2033, a empresa terá que operar com:
- tributos antigos (ICMS, ISS, PIS, COFINS),
- tributos novos (CBS e IBS),
- regras de transição,
- créditos calculados por lógicas distintas,
- e obrigações acessórias que misturam os dois mundos.
Para empresas de médio porte, isso significa:
• Aumento do volume de dados para apuração
Haverá mais campos, mais cruzamentos, mais versões de notas, mais combinações de cenários.
• Exigência de controle granular
Reset das regras de crédito, novas formas de apuração e convivência de regimes que precisam fechar no SPED.
• Impacto direto no fluxo financeiro
Mesmo com alíquotas de teste em 2026, precificação e caixa precisam ser revisados, especialmente para empresas com margens mais apertadas.
1.3. Reorganização completa de cadastros
A CBS/IBS exige que:
- produtos,
- serviços,
- fornecedores,
- clientes
- e operações internas
sejam classificados sob lógica diferente da atual. Isso significa:
- Remapeamento de todos os itens do catálogo,
- Revisão de NCM/Serviços,
- Ajustes de CST,
- Nova lógica de isenções, reduções e regimes específicos.
Para empresas médias, que geralmente têm catálogos amplos, mas equipes enxutas, isso será um grande esforço, porém inevitável.
2. Por que empresas de médio porte sentirão os impactos com mais força
Quando comparadas com pequenas empresas, médias possuem:
- mais volume,
- mais diversidade de operações,
- mais filiais ou integrações,
- mais complexidade na cadeia de compras e vendas.
Quando comparadas com grandes empresas, possuem:
- equipes menores,
- menor orçamento para TI,
- menor robustez técnica,
- menos espaço para erro.
Por isso, o impacto inicial da CBS/IBS atinge as médias empresas em cheio.
2.1. Sistemas legados podem não acompanhar
Muitas médias empresas utilizam ERPs e módulos fiscais adaptados ao longo de anos. Na entrada da CBS/IBS, isso significa:
- risco de não conseguir emitir notas com o novo layout,
- falhas de integração entre fiscal–estoque–contábil,
- processamento lento,
- inconsistências no XML,
- aumento do retrabalho,
- e erros que só aparecem na entrega do SPED.
É o cenário mais perigoso: quando a operação parece funcionar, mas está gerando inconsistências silenciosas.
2.2. A equipe interna tende a ser sobrecarregada
Equipes fiscais de médio porte já trabalham no limite.
E a introdução da CBS/IBS adiciona:
- novas regras,
- novas inconsistências possíveis,
- novos códigos,
- nova análise de crédito,
- e mais etapas manuais.
Sem revisão de processos e automação, isso se traduz em:
- atrasos,
- acúmulo de pendências,
- aumento de erros,
- e risco de perder prazos.
2.3. A escrituração passa a exigir precisão absoluta
Com a reforma, a escrituração se torna ainda mais sensível.
Se antes divergências “passavam”, agora viram:
- inconsistência sistêmica,
- crédito glosado,
- autuação,
- devolução de arquivo,
- bloqueio de apuração.
Empresas médias, sem auditoria contínua, ficam vulneráveis.
2.4. Impacto direto no caixa
Mesmo com alíquotas iniciais mais baixas, a lógica muda:
- créditos deixam de ser restritos,
- débito e crédito se tornam mais amplos,
- a apuração passa a ser mais transparente,
- splits e retenções podem alterar prazos de recebimento,
- e o planejamento de margem precisa ser refeito.
Empresas que operam com moto contínuo de caixa vão sentir primeiro.
3. O que empresas de médio porte precisam fazer antes da virada
A seguir, um plano prático que empresas médias podem aplicar imediatamente.
3.1. Reavaliar toda a estrutura de cadastros
A revisão de cadastros não é opcional. É a base da CBS/IBS.
Checklist inicial:
- Revisar NCMs e códigos de serviço
- Revisar CSTs e códigos de enquadramento
- Revisar regras de tributação por produto/serviço
- Garantir vinculação correta entre operação, destino e regime
- Revisar cadastros de fornecedores (especialmente externos ao estado)
- Parametrizar novas regras de crédito
Cadastros ruins = créditos errados = SPED inconsistente.
3.2. Realizar testes antecipados de emissão
Antes da virada:
- Emita notas em ambiente de testes
- Valide rejeições
- Corrija parametrizações
- Ajuste rotinas internas
- Identifique onde a operação quebra
Empresas que não testarem antes de janeiro entram no ano novo apagando incêndio.
3.3. Automatizar operações críticas
Para empresas médias, automatizar não é luxo, é sobrevivência.
Os processos com maior urgência de automação são:
- conferência de XMLs,
- classificação fiscal,
- cruzamento de documentos com SPED,
- validação de regras de crédito,
- auditoria pré-entrega,
- conciliações fiscais e contábeis.
Sem automação, a equipe simplesmente não conseguirá suportar o volume.
3.4. Revisar estrutura de sistemas
Perguntas essenciais:
- O ERP está preparado para os novos layouts?
- O módulo fiscal recebe atualizações constantes?
- A integração ERP–fiscal–contábil é estável?
- Há histórico de travamentos ou inconsistências?
- A empresa consegue emitir alto volume sem lentidão?
Se a resposta for “não sei”, existe risco.
3.5. Treinar o time fiscal e contábil
A equipe precisa compreender:
- como funciona o novo sistema de crédito,
- como interpretar nova legislação,
- o que muda na emissão,
- como se comportam os códigos de tributação,
- como identificar inconsistências na origem,
- e como aplicar regras de transição.
2026 será o ano com mais dúvidas operacionais que o mercado já viu.
4. Onde estão os maiores riscos para empresas médias
Médias empresas precisam prestar atenção especial a quatro pontos:
4.1. Emissão incorreta de notas
O maior risco inicial.
Erros comuns:
- CSTs antigos aplicados a regras novas
- NCM desatualizado
- CFOP incompatível com a operação
- falta de informações obrigatórias
- parametrização incompleta no ERP
Cada emissão equivocada gera:
- retrabalho,
- perda de crédito,
- inconsistência no SPED,
- risco de penalidade.
4.2. Cruzamentos mais rígidos entre documentos
O fisco passa a analisar:
- compras versus vendas,
- documento versus crédito,
- crédito versus escrituração,
- escrituração versus SPED,
- SPED versus obrigações principais.
No ambiente híbrido, qualquer detalhe gera divergência.
4.3. Caos no fluxo financeiro
Fluxo de caixa é onde as médias empresas mais sofrem.
Possíveis impactos:
- mudanças de prazo por retenções automáticas,
- nova dinâmica de crédito e débito,
- ajustes na precificação,
- diferença entre crédito “no papel” e crédito “na prática”.
4.4. Falta de rastreabilidade
Em 2026, não basta emitir certo: é preciso provar que está certo.
Sem rastreabilidade:
- não há defesa,
- não há auditoria,
- não há consistência,
- não há previsibilidade.
5. O que diferencia empresas médias que vão se destacar em 2026
Empresas médias que se sobressaem compartilham três características:
1. Processos enxutos, padronizados e automatizados
A automação reduz erro humano e libera o time para análise estratégica.
2. Foco em cadastros, origem e qualidade do dado
Quem acerta na origem, vence no fim.
3. Equipes treinadas e integrações funcionando
Integração e conhecimento técnico são pilares da transição.
6. O papel da Solutta na preparação para a CBS/IBS — só agora faz sentido falar disso
Depois que o empresário entende a complexidade do impacto inicial da Reforma, fica claro que preparar a empresa não é apenas uma questão tributária, mas tecnológica, sistêmica e operacional.
É aqui que a Solutta entra.
A Solutta apoia empresas de médio porte em:
- revisão completa de cadastros,
- modelagem de tributação por produto/serviço,
- auditoria profunda de processos fiscais,
- implantação de automações estratégicas,
- correção de inconsistências em emissão e escrituração,
- suporte técnico e consultivo contínuo,
- preparação operacional para o ambiente híbrido,
- orientação para tomada de decisão durante a transição.
É trabalho técnico, estruturado, contínuo e orientado à realidade dos médios negócios do Brasil.
Com a Solutta, a empresa não apenas cumpre a Reforma: ganha maturidade fiscal, previsibilidade e controle.
O impacto inicial da CBS/IBS nas empresas de médio porte será profundo, mas para quem se prepara, será também uma oportunidade de reorganizar processos, reduzir riscos e elevar a eficiência fiscal.
Com diagnóstico, automação, revisão de cadastros e suporte técnico, 2026 deixa de ser uma ameaça e se torna um caminho claro para uma gestão fiscal mais moderna, previsível e confiável.