O que o Dia dos Namorados revela sobre a falência do sistema tributário brasileiro

No Brasil, até o amor paga caro.

O Dia dos Namorados, uma das datas mais relevantes para o varejo, expõe, em plena luz do dia, a falência do sistema tributário nacional.

Perfumes importados chegam a pagar quase 80% em tributos…

Chocolates, 38,25%…

Flores, 16,27% de carga…

E um simples jantar pode ter mais de 30% do valor consumido por impostos invisíveis embutidos.

Por trás do gesto simbólico de agradar alguém, há um Estado que encarece tudo, inibe o consumo, empurra para a informalidade e estrangula o pequeno negócio.

Enquanto muitos enxergam a data como mais uma oportunidade comercial, poucos percebem que ela escancara a estrutura disfuncional que sufoca quem movimenta a economia real.

Nas próximas linhas, você vai entender como a estrutura tributária brasileira transforma um simples presente, jantar ou flor em retrato da nossa falência fiscal — e por que ninguém que vive da arrecadação tem interesse em mudar isso.

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Quanto custa presentear no Brasil?

Os dados estão disponíveis há anos, mas pouca gente os lê com atenção.

Segundo dados do Impostômetro, perfumes importados chegam a 78,99% de carga tributária.

Chocolates, 39,61%.

Flores naturais, 17,71%.

Um jantar romântico? Pode ultrapassar 33%, somando ICMS, ISS, PIS e COFINS.

Sem falar na tributação sobre o vinho, que sozinho pode chegar a 45,56%.

Esses percentuais não estão restritos à elite.

São impostos pagos por casais de todas as faixas de renda, inclusive os que parcelam o presente ou economizam o mês inteiro para impressionar alguém.

O resultado é um sistema que pune o consumo simbólico com a mesma agressividade com que deveria tributar o luxo supérfluo — e, em muitos casos, o faz até mais.

Para efeito de comparação: um perfume importado pode chegar a quase 80% de carga tributária.

Já um jet ski, item claramente voltado para alta renda, sofre em média 36,6% de incidência tributária.

Um videogame popular, vendido a jovens e famílias de classe média, ultrapassa 50%.

Enquanto isso, um iate pode ser comprado como “bem de capital náutico” e se beneficiar de regimes especiais com alíquota efetiva menor.

Isso não é acidente.

Afinal, é mais fácil tributar quem não tem estrutura para se defender do que enfrentar setores organizados com lobby, contencioso robusto e influência política.

O consumo formal, em vez de ser incentivado, é desestimulado.

E isso muda o comportamento das pessoas.

Quando o Estado tributa com mais força justamente os produtos ligados ao afeto simbólico, ele desestimula práticas que, por tradição, movimentam o varejo formal.

É o caso do casal jovem que, diante dos preços elevados de um jantar com taxa de serviço, bebida e estacionamento, opta por dividir uma pizza em casa e comprar vinho de um comércio que não emite nota.

Ou do autônomo que gostaria de impressionar a namorada com um perfume importado, mas acaba comprando uma réplica falsificada — sem nota, sem garantia, sem procedência.

O consumo continua acontecendo, mas fora das lojas oficiais, fora dos empregos com carteira, fora de qualquer controle ou padrão de qualidade.

E quem mais perde, no fim, é o consumidor comum.

Aquele que queria comprar um presente melhor, jantar num lugar especial ou escolher um produto de qualidade, mas simplesmente abandona a ideia.

Não por vontade, mas porque o preço imposto pelos impostos tornou-se inviável.

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O preço da honestidade

Nos últimos anos, os congressistas passaram a repetir um novo bordão: “justiça fiscal”.

A promessa é simples: quem ganha mais, paga mais.

Mas a realidade é o oposto.

No Brasil, quem consome mais não é quem mais paga.

Quem paga mais é quem consome produtos populares, com nota fiscal, em empresas formais.

Ou seja: justamente quem faz tudo certo.

Chocolates, flores, perfumes, jantares…

Itens simbólicos, afetivos e altamente taxados.

Enquanto isso, iates, planos offshore, lucros e dividendos seguem blindados por regimes especiais ou simplesmente ignorados pela lógica do consumo.

A verdade é que quem ganha menos, paga proporcionalmente mais.

Assim, o resultado é previsível: informalidade.

O consumidor quer economizar.

O comerciante quer vender.

O Estado quer arrecadar.

Mas os três não cabem na mesma equação!

Alguém sempre sai perdendo.

E quase sempre é quem está na base:

O pequeno comerciante que emite nota, paga imposto, mas perde para o concorrente informal…

O consumidor de baixa renda que, para escapar do preço final, aceita correr risco e compra sem nota, sem garantia, sem devolução…

O microempreendedor que tenta crescer, mas é sufocado antes mesmo de se formalizar…

Enquanto isso, o topo do sistema assiste de camarote:

Blindado, com crédito presumido, holding patrimonial e elisão bem assessorada. 

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O Efeito Cascata Real

Quando se fala em imposto, muita gente imagina um impacto direto: o preço sobe, o consumidor paga e o governo arrecada.

Mas o problema real começa depois disso.

Impostos sobre o consumo geram um efeito cascata não só no preço final, mas em toda a cadeia que vem depois.

E é isso que o Dia dos Namorados ajuda a escancarar:

Quando o consumidor deixa de comprar, a loja vende menos.

Quando a loja vende menos, o estoque gira devagar.

Quando o estoque para, o fornecedor reduz a produção.

Com menos pedidos entrando, ele segura investimentos e posterga decisões.

Aquela nova vaga que seria aberta na equipe? Cancelada.

O que começou como um imposto sobre um jantar…

Acaba virando menos salário, menos serviço, menos consumo e mais desemprego.

O governo arrecada, mas o varejo recua.

A cada tributo embutido num presente, há uma reação em cadeia:

Menos venda, menos caixa, menos investimento.

Mas, claro, isso não entra no cálculo da arrecadação:

O governo só enxerga o quanto pode arrancar, e não o quanto destrói no processo.

E o pior: os efeitos não são imediatos. Vão se acumulando, silenciosamente.

O cliente não deixa de comprar uma vez: 

Aos poucos, ele cria o hábito de não comprar ou de comprar sempre por fora.

Assim como a empresa não demite no primeiro mês: ela congela contratações, cancela o marketing, corta benefícios… depois vem a demissão.

Esse é o efeito cascata que parece não preocupar ninguém em Brasília. 

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A Farsa da Simplificação

O discurso é bonito:

“Vamos simplificar o sistema, unificar tributos, eliminar a guerra fiscal!”

Mas basta olhar de perto para ver que a promessa não fecha com a prática:

A proposta do IVA Dual cria dois impostos sobre consumo: um federal (CBS) e um subnacional (IBS).

Dois fiscos, duas legislações, dois sistemas, com obrigações acessórias, regras de crédito, alíquotas e interpretações distintas.

Na prática, o que está sendo desenhado é um sistema novo com complexidade antiga.

Agora com rastreamento em tempo real, fiscalização cruzada e risco de autuação mais alto.

O governo promete devolver parte do imposto para os mais pobres, via cashback, mas…

Não diz como vai operacionalizar isso, nem se o comércio informal — que é onde os mais pobres compram — vai emitir nota para permitir a devolução.

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Quem ganha com isso?

Os grandes, claro. 

Os que têm estrutura para navegar na complexidade…

Os que repassam o custo para o consumidor…

Os que contam com regimes especiais, incentivos, brechas legais…

E ganham também os que vivem dessa complexidade:

Advogados tributaristas, consultores especializados em defender o indefensável…

E parte da máquina pública que se alimenta da burocracia, como fiscais que aumentam sua margem de atuação diante de regras confusas, órgãos que justificam sua estrutura com base na complexidade do sistema e setores que ganham poder político justamente por controlar a interpretação da lei.

Enquanto isso, quem vende chocolate, flor ou perfume paga o preço cheio.

O sistema não muda porque beneficia justamente quem tem poder para mantê-lo como está.

Só não ganha quem empreende na base, consome com nota e tenta fazer tudo certo.

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Se o sistema não muda, a sua estratégia precisa mudar.

Evidentemente, a estrutura tributária brasileira não foi feita para facilitar:

Foi feita para arrecadar. 

E quem vende, consome e empreende de forma formal carrega o peso disso todos os dias.

Não adianta esperar que o sistema melhore: ele não vai.

O que pode — e precisa — mudar é a forma como sua empresa se posiciona dentro dele.

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